Uma investigação feita pelo Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil do DF (PCDF), entre 9 e 13 de fevereiro, constatou que ao menos quatro pessoas utilizaram o objeto para anotar informações das vítimas. Segundo laudo da perícia, as autorias dos escritos confirmadas foram vinculadas a Fabrício da Silva Canhedo, 34; Gideon Batista de Menezes, 55; e Horácio Carlos, 49. A pessoa responsável pelo quarto grafismo, no entanto, não foi identificada, podendo ser uma das vítimas ou até mesmo um novo suspeito, conforme relato de peritos do IC.
Durante a primeira quinzena deste mês, os suspeitos passaram por exames grafotécnico e documentoscópico no IC, capazes de comparar escrita questionadas pela polícia a um material produzido pelos criminosos. Os mesmos exames, inclusive, indicaram Horácio como o autor do bilhete que teria atraído Thiago Belchior, 30 anos; a esposa dele, Elizamar da Silva, 39; e os filhos do casal para a morte.
“Chefe, como está o seu dia? Vou precisar de ajuda urgente”, começa a mensagem. “Thiago, tem como você vir à chácara? Vou explicar o que está acontecendo. Se puder, venha hoje com a Eliza [Elizamar] e os meninos”, diz a carta.
Segundo o laudo, concluído com 110 páginas, as principais convergências entre a caligrafia de Horácio com o texto no caderno encontrado no cativeiro são “a qualidade geral do traçado, o grau de habilidade de punho, a proporcionalidade, os espaçamentos adotados, a inclinação axial, o calibre, os ataques e remates, o andamento gráfico, os aspectos angulares e curvilíneos, bem como as ligações e a morfogênese das unidades e conjuntos gráficos”.
O bilhete, que serviu de esboço para uma mensagem que teria sido enviada para Thiago por meio do WhatsApp, estava no local em que a família foi mantida refém, em Planaltina, e teria sido escrita pelos criminosos baseada no linguajar de Marcos Antônio Lopes de Oliveira, 54 anos, sogro da cabeleireira Elizamar da Silva, 39.
O caderno
Peritos apuraram, ainda, que o caderno utilizado pelos criminosos era, na verdade, de Ana Beatriz de Oliveira, 19 anos.
Segundo o laudo ao qual o Metrópoles teve acesso, um dos envolvidos na chacina teria rasgado as folhas utilizadas pela jovem para deixar apenas páginas em branco – utilizadas no decorrer do crime. No entanto, como Ana escrevia com “certa força”, o formato das palavras registradas por ela ficaram marcadas nas folhas anteriores – o chamado “suco”. Ao estudar o comportamento de escrita da vítima, agentes constataram que o objeto era, de fato, da moça.
Durante duas semanas, equipes do Instituto de Criminalística compararam, minuciosamente, elementos gráficos que ajudaram a esclarecer detalhes sobre a chacina. Todo o trabalho de análise e coleta foi feito pela seção de documentoscopia, responsável pela realização de exames que verificam a autenticidade de assinaturas diversas e autoria de grafismos determinados.
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